terça-feira, 9 de março de 2010

Preciosa - Análise datalhada da personagem


Preciosa é uma adolescentes de 16 anos, que carrega uma infinidade de problema sobre os seus ombros, espancada física e moralmente pelo mãe, estuprada desde os 3 anos pelo pai, com dificuldade de aprendizado, negra em um país ainda racista, extremamente obesa, mãe de um filho com Síndrome de Dawn e grávida novamente de seu pai. O que seria motivo para uma postura de estrema revolta, é aceito como uma enorme apatia e submissão de alguém que limita apenas a sobreviver.

Sua postura denuncia seu frágil estado emocional, sempre de cabeça baixa como se não tivesse o direito de encarar as pessoas e calada como se não tivesse direito a opinião. Comportamento resultado dos abusos que sofreu, especialmente de sua mãe que a utiliza para extravasar suas próprias frustrações.

Ela só vive, de fato, em seus sonho, manifestações de seus desejos reprimidos e que funcionam como um escapismo de sua duríssima realidade. Nos sonhos que podemos visualizar com detalhes o talento de Gabourey que assume outras facetas da sua personagem, construindo outras “Preciosas”.

Se a primeira parte da história relembra uma história realista/naturalista onde o meio define o comportamentos das personagens a história se transforma em uma história de esperança, que aposta na humanidade e no poder de transformação da educação, da dedicação e do amor.

A escola dirigida obriga ela prestar atenção, graças à dedicação da professora. Provando que seus problemas de aprendizagem são decorrentes das limitações que se ela mesma se impõe. Se lembrarmos da escola tradicional, observamos que ela conseguia aprender apenas nas aulas de matemática, as únicas que presta atenção devido seu interesse platônico pelo professor. Ao ser alfabetizada na “escola especial” aprende com extrema facilidade ao ponto de ganhar um premio da prefeitura.

A escola funciona além do aprendizado cognitivo, o convívio com as colegas, antes era sozinha em seu mundo, que também carregam graves problemas, transforma a sala de aula em uma espécie de terapia em grupo, onde ela percebe que os outros também sofrem e que todos os problemas são passiveis de soluções reais.

O caderno se torna seu confidente à medida que começa a aprender a escrever melhor, nele expõem seus desejos e frustrações, escreve sobre a sua vida e em seus relatos passa a observar, questionar e a encontrar soluções. Suas reflexões despertam o desenvolvimento de mecanismos internos e externos de como lidar com os seus problemas. Forjando sua própria personalidade á medida que vai adquirindo sua identidade e personalidade.

O aprendizado e o convívio escola começam a “trazê-la” de volta para a vida, já não tem mais a postura tão curvada e passa a olhar os outros mais diretamente (méritos da atriz de incorporar esta passagem). Ao passar pelo segundo parto, agora num hospital, e com a felicidade de sua gravidez resulta em uma criança normal. Mais preparada ela passa a adquirir uma função social, a de mãe, e que lhe deserta um amor que ela não consegue compreender direito por nunca ter presenciado (salvo em fotos de quando tinha menos de três anos), o amor materno (mais tarde a professora desperta sua atenção para este fato). Preciosa agora tem por quem lutar.

De posse do seu filho, ela não aceita mais se submeter as humilhações e espancamentos de sua mãe e procura ajuda. Auxilio que encontra em sua professora que lhe abriga em sua casa com sua namorada e depois arruma um abrigo para ela morar com o seu filho. Sua auto estima melhorada é abalada pela noticia que ela carrega o vírus HIV, no único momento que extravasava seus sentimentos é apoiada pela professora e colegas , conseguindo conviver e aceitar seus problemas. Na ultima conversa com a mãe, a escuta com atenção mas a rejeita com a consciência de quem precisa e deve cuidar de sua própria vida.

A Atuação de Gabourey Sidibe foi brilhante, especialmente ao lembrarmos que não era propriamente uma atriz profissional. É possível que ela tenha usado seus conhecimentos de psicologia, que cursa, na composição de sua personagem. Não é a toa que em seu primeiro papel, ela já recebeu uma indicação ao Oscar.

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