domingo, 23 de agosto de 2009

Nos Cinemas

A Vida Secreta das Abelhas
(The Secret Life of Bees, EUA, 2008)

A vida secreta das abelhas, é um livro escrito por Sue Monk Kidd, sobre o drama de uma menina que matou acidentalmente sua mãe e é rejeitada pelo pai. 10 anos depois foge de casa em sua busca por redenção. Sua jornada a acaba a endereçando a uma família negra de apicultoras que a acolhe, com sua "nova" vida a garota começa a vivenciar de forma mais efetiva os horrores do preconceito.

O filme recebeu criticas negativas por assumir uma postura mais “light” que a obra original, mantendo o enredo da história mais diminuindo o foco da protagonista, que no livro se concentra em sua jornada de redenção, uma busca pelo fim da culpa que carrega . Aliviando um pouco o drama, abre espaço para as irmãs negras (se aproveitando do ótimo elenco) que mantém a carga dramática de suas personagens, mas também projetam um ar cômico, em diversas cenas aliviando a tensão do longa. Tanto que em algumas cenas, até nos esquecemos que estamos assistindo a um drama.

A Atuação de Dakota foi bastante criticada pela mídia especializada, esperavam uma atuação mais dramática da jovem atriz. Discordo, não podemos esquecer que apesar de sua grande experiência cinematográfica, ela ainda é uma menina de 14 anos e não comprometeu o longa, especialmente pela escolhe do clima mais leve.

Apesar de não ser um filme excelente, sua história é razoavelmente simples e com alguns clichês. O que torna a obra interessante é a possibilidade de sentirmos na pele, através da projeção (nos dois sentidos do termo),o drama das personagens. Quem tiver esta sensibilidade certamente ira gostar muito do filme. A exposição do racismo existente neste período histórico esta muito bem representada, tanto que ao terminar de assistir fiquei ainda mais feliz com a vitória do Obama, que demonstra que se o preconceito esta longe de acabar, certamente diminuiu graças a todos os negros e brancos que lutaram contras estas injustiças.

Aos Estudantes

Observem o espaço retratado, uma pequena cidade do interior da Carolina do Sul (Sul dos Estados Unidos), em 1964, onde o racismo está muito presente. Esta região era uma área escravista e mantém resquícios da “cultura confederada”, que não se extinguiu com o final da guerra civil. Reparem na diferença entre a Lei assinada e sua aplicação prática. A importância de Marth Luther King (se não sabe quem foi, vá imediatamente procurar no Google =P) também é citada, assim como algumas conquistas legais do movimento negro americano, como o direito ao voto.

Na segregação legal (juridicamente) que os negros sofriam, não podiam usufruir dos mesmos espaços que os brancos. O que é mostrada de forma clara no cotidiano dos personagens, ao contrário de muitas produções holiwoodianas que se limitam a transparecer a existência do racismo pelas máscaras da Klu Klus Klan.

Apesar de mostrar a forte presença da tensão racial, mostra que nem todos norte americanos eram (e são) racistas, no filme é evidenciado pelo rosto de pessoas que observavam os abusos, porém permaneciam omissas: “o que não quer dizer necessariamente, que não possuam nenhuma opinião sobre os acontecimentos sociais da época”*. Exceção a esta “regra” o advogado, branco, que apóia a família negra no momento de dificuldade, indicando também a existência de brancos que apoiavam o movimento negro.

* contribuição ao texto, da psicóloga Gisele Feliciano.

Marcelo Moura Batista



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